O crítico literário Michel Collot sistematiza, a partir da fenomenologia ligada ao texto poético, certa compreensão de mundo reconfigurada pelo lirismo moderno. Para ele, o eu lírico, para entender “sua verdade mais íntima”, inatingível “pelas vias da reflexão e da introspecção” (COLLOT, 2013b, p. 224), fragmenta-se e lança-se à paisagem, como um sujeito fora de si, levado pela “emoção lírica [que], talvez, apenas prolongue ou re-acione esse movimento que constantemente leva e expulsa o sujeito para fora de si, e por meio do qual [...] ele pode ek-sistir e se ex-primir” (COLLOT, 2013b, p. 224). Esse modo de pensar o eu que escreve, considerando a produção poética brasileira, pode ser conferido, por exemplo, na poesia de Mário de Andrade, quando o poeta encena uma concepção do lírico marcada pela consciência da escrita a partir de um eu que se entrega ao mundo, assim como na poesia de outros poetas modernos e contemporâneos. A partir de tais questões, a revista Miscelânea convida pesquisadores e pesquisadoras a submeterem artigos que se detenham no estudo e na análise de textos líricos, escritos em verso ou em prosa, desde o Romantismo até a contemporaneidade, focando-se sobretudo na presença de um eu que se define a partir da mistura ao mundo e ao outro. Espera-se, assim, contribuir para os estudos acerca do lirismo moderno.
Organização:
Angela Teodoro Grillo (UFPA- Belém)
Cláudia Tavares Alves (Unesp-Assis)
Cristiane Rodrigues de Souza (Unesp-Assis)
Prazo para o envio de contribuições: 10 de setembro de 2025
Para mais informações, acesse: https://seer.assis.unesp.br/index.php/miscelanea/announcement/view/58